quinta-feira, 14 de abril de 2011

Liga Europa: Sp. Braga-Dínamo Kiev, 0-0 (crónica)

Faz-se história em «triller» que pouco assustou
Por João Tiago Figueiredo


O Sp. Braga está nas meias-finais da Liga Europa!

Agora que já se reforçou bem a ideia, vamos à crónica...

Está provado que quando se vê um filme de «suspense» com o som desligado, há muito menos hipóteses de acontecer o susto. Este Braga-Dínamo Kiev foi, por isso mesmo, um «thriller» sem a música intimidatória. Um jogo onde o perigo esteve sempre presente, mesmo que quase nem se desse por isso. Para sorte do Sp. Braga faltou sempre o picante decisivo ao futebol do Dínamo. E a igualdade a zero final serviu para lançar a festa: meia-final portuguesa na Liga Europa!

Primeira parte com ritmo baixo, com pouco discernimento de parte a parte e situações de golo. Um mau jogo, em suma. Apenas o facto emotivo, transmitido por um Municipal bracarense sedento de (ainda mais) história foi animando o futebol mostrado.

FICHA DE JOGO

O Sp. Braga, sublinhe-se, apareceu em campo com a equipa possível. Domingos só tinha dois defesas com rotinas de jogo e improvisou com Vandinho ao meio e Paulo César na direita. Mais óbvia a primeira escolha do que a segunda. E o Sp. Braga viria a pagar caro. Paulo César teve uma entrada imprudente sobre Yarmolenko e o árbitro Jonas Eriksson não esteve com contemplações. Cartão vermelho e rude golpe para os portugueses.

Mas a desvantagem numérica não alterou a toada. Havia mais Dínamo, é certo. Mas havia, acima de tudo, um futebol muito inconsequente do lado ucraniano. Trocas de bola constantes, jogo de pé para pé. Sem rasgo, sem imaginação...sem perigo, resuma-se. Por isso, ao intervalo, e quando Meyong já tinha desperdiçado na cara de Shovkovskiy, sabia-se que o perigo para o lado do Braga era, sobretudo, psicológico.

Receio dominado com uma classe de nota 20

Quando o medo supera o próprio perigo, urge domá-lo. Foi essa, por ventura, a mensagem de Domingos no balneário. E o grupo acreditou. Teve fé no potencial de um colectivo que, mesmo remendado, tem escrito as mais belas páginas da história europeia do Sp. Braga. Percebeu que a ameaça ucraniana ainda chegava mais do resultado de Kiev, do que da qualidade mostrada na «Pedreira». Calculou os riscos, assentou os pés assentes na terra e tentou dissipar as dúvidas.

Recorde o AO MINUTO

Lima, herói de tantas outras investidas, foi o «cavalo de assalto». Primeiro, aos 51 minutos, aguentou Danilo Silva até ao limite do possível e viu Shovkovskiy evitar a festa. Nem 15 minutos passaram e uma boa tabela com Hugo Viana acabou com um remate a rasar o poste. Com dez, o Braga deixava o rival em sentido. Medo domado, confiança redobrada. Faltava só resistir.

O Dínamo continuava a passar a mesma ideia. Se este Braga tão remendado e com menos um era suficiente para segurar a eliminatória, seria uma injustiça se a formação portuguesa não seguisse em frente. O espectro de um golo fatal não desaparecia e renovava-se com as constantes, mas insípidas, investidas ucranianas. Numa delas, a melhor, foi Sílvio a evitar que o passe de Yarmolenko encontrasse pés indesejados. O Municipal bracarense inspirava. Faltava um quarto de hora.

O Sp. Braga manteve a coragem, a inteligência. O Dínamo, quando deveria entrar na fase do desespero não voltou a criar perigo. Nem um lance para amostra! Lima, pelo contrário, ainda teve tempo de desperdiçar pela terceira vez, pouco antes de dar o lugar a Hélder Barbosa. Mais uns minutos e estava lançada a festa. Jogadores do Dínamo chorando a eliminação. Mas, acima de tudo, os heróis do Sp. Braga a festejar o feito histórico. Um feito de nota 20 para uma equipa que ficará na história no futebol português.

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